A ansiedade na infância

As perturbações da ansiedade são um dos principais motivos que levam adultos e adolescentes a procurar acompanhamento por parte dum psicólogo. No entanto, apesar de existirem evidencias de que quadros de ansiedade podem ocorrer em qualquer faixa etária, esta encontra-se ainda sub-diagnosticada na infância, uma vez que os sintomas da mesma se apresentam de forma mais “mascarada” do que nos adultos. Os estudos epidemiológicos revelam que as perturbações da ansiedade têm prevalência estimada de 8 a 12%, sendo um dos quadros clínicos mais prevalentes na infância no que concerne à saúde mental. Existem crianças que são capazes de se queixar abertamente como a ansiedade que experienciam em determinado momento: “tenho medo do escuro” ou “tenho medo de ficar sozinho na escola”. No entanto, a grande maioria das crianças não consegue associar a ansiedade a um estado psicológico, pelo que as queixas são frequentemente apresentadas em forma de somatização: “não consigo dormir porque me doi a cabeça” ou “não posso ir à escola porque me doí a barriga”.

É comum existiram quadros de somatização infantil cuja causa fisiológica não é conhecida, sendo frequente que depois de exames médicos se chegue à conclusão de que o mal-estar da criança se deve a uma somatização de um desconforto emocional intenso, que a criança ainda não tem capacidade de expressar. Uma vez que a expressão emocional das crianças mais novas ainda não foi totalmente desenvolvida é importante os pais estarem atentos a sintomas como ao fato da criança estar mais irritada que o costume, realizar birras frequentes e apresentar choro fácil, ter comportamentos regressivos como voltar a chupar no dedo ou a fazer xixi na cama, dificuldades em adormecer ou aparentar ter mais sono que o normal durante o dia e ainda apresentar agitação motora ou desenvolvimento de tiques nervosos, como roer as unhas.

Quando as crianças apresentam uma ansiedade excessiva ou recorrente é importante agendar uma consulta com um psicólogo infantil, que ajude a criança e a família a criar estratégias para lidar de modo mais eficaz com situações de ansiedade. É ainda importante que os pais falem sobre as emoções de modo aberto com as crianças desde uma idade precoce de modo que estas criem uma linguagem emocional que lhe permita verbalizar o que estão a sentir.

Dra. Ana Isabel Soares de Sousa, Cédula Profissional nr. 23805