A Neuropsicologia é uma área da psicologia que procura compreender e explicar a relação entre o cérebro e o comportamento humano. Isto significa que através do funcionamento cerebral procura-se entender e explicar as condutas (como procedemos e agimos), as emoções (como nos sentimos), o funcionamento cognitivo (como pensamos) e o impacto psicossocial deste funcionamento integrado (como estes processos afetam as nossas relações interpessoais e o nosso quotidiano). 

Na neuropsicologia do adulto é muito comum vermos as queixas com o funcionamento do cérebro associadas ao envelhecimento saudável e patológico (e.g., declínio cognitivo e demências), a situações de lesão cerebral adquirida como são os acidentes vasculares cerebrais (AVC), os traumatismos crânio-encefálicos (TCE) e os tumores cerebrais, assim como a situações de doença neurológica, como a esclerose múltipla, a epilepsia, a doença de Parkinson, as doenças do sono e a situações de doença psiquiátrica, como a depressão, a ansiedade, a doença bipolar, a esquizofrenia, etc.  

No entanto, várias outras problemáticas de saúde podem estar na base das queixas e das alterações neuropsicológicas e que raramente as associamos, como são a diabetes tipo I ou tipo II, a insuficiência renal, as alterações de tiroide, as doenças cardiovasculares, a obesidade, a síndrome metabólico (hipertensão, hipercolestrolémia, diabetes e obesidade), a artrite reumatoide, a doença oncológica (independentemente da localização do tumor ou dos tumores), o consumo excessivo de álcool ou de outras substâncias, o burnout, o síndrome pós-covid, a doença de Crohn, a fibromialgia, a doença de lúpus sistémico eritematoso, entre outras. Além disso, existem situações relacionadas com fases do desenvolvimento biológico que podem desencadear queixas neuropsicológicas que devem ser atendidas, como são as associadas à menopausa e à andropausa.  

É muito difícil nomear todas as situações que podem representar sinais a que se deve estar atento(a), contudo apresentam-se alguns exemplos:  

• Dificuldade para acompanhar uma conversa (i.e., durante o próprio discurso ou o discurso da outra pessoa, como se perdesse o fio à meada). 

• Dificuldade em encontrar as palavras quando está a falar ou a pensar em alguma coisa. 

• Necessita que lhe sejam repetidas as coisas ou que a mensagem seja simplificada para conseguir compreender e/ou memorizar. 

• Confundir as outras pessoas quando tenta explicar ou ensinar alguma coisa. 

• Distrai-se facilmente. 

• Dificuldade para trabalhar ou ser produtivo num ambiente desorganizado/desarrumado. 

• Sente dificuldade em retomar uma tarefa quando é interrompido(a). 

• Sente que precisa de mais esforço ou atenção para fazer algo. 

• Dificuldade em lidar com situações imprevistas ou com mudanças. 

• Ter tendência a adiar a realização das coisas / tarefas. 

• Agir impulsivamente. 

• Dificuldade em seguir orientações. 

• Esquece-se da ordem em que as coisas ocorreram. 

• Esquece-se de acontecimentos passados há vários anos. 

• Esquece-se de acontecimentos ocorridos há pouco tempo (e.g., o que almoçou, o filme que viu na noite anterior). 

• Esquece-se de coisas que tem de fazer num futuro próximo, como tomar a medicação, de corresponder a um compromisso agendado, de pagar as contas, etc.  

• Perguntar a mesma coisa várias vezes.  

• Dificuldade em reter a mensagem de um texto enquanto o está a ler, ou seja, a sensação de ler mas não ficar nada na cabeça. 

• Dificuldade em realizar uma tarefa que envolve várias etapas. 

• Dificuldade em raciocinar. 

• Sentir que precisa de mais tempo para fazer as coisas. 

• Dificuldade em cumprir horários e prazos.  

• Facilidade em gerar conflitos com outras pessoas (e.g., familiares, colegas, amigos, vizinhos ou outros).