Dia mundial da doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurológica crônica, progressiva e degenerativa que afeta
principalmente a capacidade de movimento. Caracteriza-se por sintomas motores, como tremores,
rigidez muscular e bradicinesia, bem como sintomas não motores, como depressão, ansiedade,
distúrbios do sono e déficits cognitivos. A DP é causada pela perda de neurônios produtores de
dopamina na substância negra do mesencéfalo (Pfeiffer et al., 2021). Embora existam várias terapias
disponíveis para a DP, incluindo medicamentos e cirurgia, ainda não há cura para a doença (Kalia &
Lang, 2015).
Estudos neuropsicológicos e psicológicos avaliou os efeitos da DP nos processos cognitivos, como
atenção, memória, linguagem e funções executivas (Kamagata et al., 2020). Os resultados indicaram que
a DP está associada a déficits cognitivos significativos em todas essas áreas, bem como na função visuoespacial e na velocidade de processamento. A gravidade dos déficits cognitivos foi correlacionada com a
gravidade dos sintomas motores da DP e com a duração da doença.
Os resultados também sugerem que os déficits cognitivos na DP não são uniformes e podem variar de
acordo com a localização da lesão cerebral. Por exemplo, alguns estudos indicam que os déficits de
memória na DP estão relacionados à disfunção do hipocampo, enquanto outros estudos sugerem que a
disfunção pré-frontal está associada a déficits nas funções executivas (Moustafa et al., 2018).
Intervenções neuropsicológicas também podem ser utilizadas no tratamento da DP. O treino cognitivo é
uma intervenção que visa melhorar a função cognitiva em pacientes com DP. Em um estudo recente, o
treino cognitivo foi associado a melhorias significativas na atenção, memória e funções executivas em
pacientes com DP (Morgante et al., 2018). A estimulação magnética transcraniana é outra intervenção
neuropsicológica que tem sido utilizada no tratamento da DP. A estimulação magnética transcraniana
tem como objetivo melhorar a função motora em pacientes com DP, estimulando áreas específicas do
cérebro envolvidas no controle motor (Shimamoto et al., 2021).
Conclusão
Outra abordagem terapêutica que tem sido investigada para o tratamento da DP é a terapia celular, que
envolve a implantação de células produtoras de dopamina no cérebro. Embora os resultados iniciais de
estudos clínicos tenham sido encorajadores, ainda são necessárias mais pesquisas para avaliar a
segurança e a eficácia dessa abordagem (Barker et al., 2013).
Em conclusão, a DP é uma doença complexa que afeta não apenas a capacidade de movimento, mas
também a cognição e a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento da DP envolve uma abordagem
multidisciplinar, com a utilização de medicamentos, intervenções neuropsicológicas e terapias não
farmacológicas, como a EMT e a terapia ocupacional. É importante que os pacientes recebam
tratamento adequado e contínuo para gerenciar seus sintomas e melhorar sua qualidade de vida. O
avanço da pesquisa científica é fundamental para o desenvolvimento de novas terapias e para a
compreensão mais completa dos mecanismos subjacentes à DP. A conscientização sobre a DP também é
crucial para promover o entendimento e o apoio aos pacientes que lutam contra esta doença
debilitante.
Andre Mendes
Neuropsicólogo Júnior
Referências:
Barker, R. A., Barrett, J., Mason, S. L., & Björklund, A. (2013). Fetal dopaminergic transplantation trials and the future of neural
grafting in Parkinson's disease. The Lancet Neurology, 12(1), 84-91.
Benninger, D. H., Iseki, K., Kranick, S. M., Luckenbaugh, D. A., Houdayer, E., Hallett, M., & Chen, R. (2011). Controlled study of 50-
Hz repetitive transcranial magnetic stimulation for the treatment of Parkinson disease. Neurology, 76(10), 870-876.
Cusso, M. E., Donald, K. J., & Khoo, T. K. (2017). The efficacy of occupational therapy for people with Parkinson's disease: a
systematic review and meta-analysis. Journal of Parkinson's Disease, 7(3), 453-